A planície despovoada

A obra chama-se A filha do juramento, por sinal um dos contos que menos marca quem o lê. Divide-se em três livros, cada um com seu tom, em sua cor. Ilustrações de Helena Santos. Orgulhoso na sua simplicidade, exibe que foi um patrocínio da Imobiliária Teixeira & Filhos, Limitada. É de Ondina Braga, «uma mulher simples que trabalha de noite, bebe chá, e come ervas cozidas como os monges taoistas», que de si fala como «a planície despovoada do meu desprendimento»

Rezar e pecar

Para comemorar os trinta anos de vida literária de Maria Ondina Braga editou-se em 1995 um livro de contos. Um deles chama-se «Sete Palavras» e nele encontro este momento por acaso a propósito de Braga, a sua terra natal e que se lhe incrustrou como nome no próprio nome: «eu quase apostava que podem lá os homens rezar e pecar a um tempo que tudo lhes será perdoado. Nem que não rezem». Leio-a e vejo agora que estou a escrever o que vem no pórtico desta obrinha quase terminal, de uma das líricas de Camões: «que dias há que na alma me tem posto um não sei quê, que nasce não sei onde, vem em não sei como, e dói não sei porquê». Eu diria agora, como ela, «a um tempo».