Morreu Ana Maria Amaro


A 7 de Agosto de 2007, correspondendo a uma carta minha escreveu-me pronta e amigavelmente: «conheci a escritora Maria Ondina Braga em Macau nos anos 1960, e éramos amigas. Convidei-a para participar na primeira semana cultural da China, organizada pelo Centro de Estudos Chineses que eu dirigia e foi recentemente extinto. (..)». E tanto mais partilhou, informação preciosa a que não dei seguimento, a rudeza das contingências adversas a intrometer-se. Era minha intenção e é minha intenção publicar-lhe a obra completa. Não sei se irei a tempo.
Sei agora, por gentileza do meu amigo Jorge Coimbra da seguinte notícia difundida pela Rádio Macau, sob o título: «Morreu a escritora e investigadora Ana Maria Amaro»

«O desaparecimento de Ana Maria Amaro é uma “perda importante” para a cultura de Macau, considera o editor Rogério Beltrão Coelho. A escritora e investigadora morreu esta semana em Portugal.
“Era uma pessoa cem por cento interessada na investigação sobre Macau, uma profunda conhecedora dos aspectos antropológicos e etnográficos de Macau, sobretudo até ao período em que esteve no território”, refere. “Uma das críticas que lhe eram feitas era no sentido de não se ter actualizado, continuar a pensar e a funcionar em relação a Macau como se estivesse nos anos 60 ou 70, mas isso não diminui, de forma alguma, o trabalho que deixou, a bibliografia vastíssima que ela deixou”, ressalva, destacando trabalhos de “grande profundidade”, nomeadamente sobre a medicina chinesa em Macau e das horas chinesas no território. “Estão para publicação num serviço público em Macau há dezenas de anos”, lamenta o editor.
Ana Maria Amaro viveu nas décadas de 60 e 70 em Macau, onde foi professora, mas nunca mais se desligou da temática do Oriente. Enquanto editor, Rogério Beltrão Coelho trabalhou de perto com a investigadora e recorda também uma mulher com “um feitio muito especial”, que deixa uma “obra notável”.
O editor lembra ainda que Ana Maria Amaro publicou vários artigos científicos sobre Macau, em revistas do território. Presidente do Instituto Português de Sinologia, nos últimos anos a investigadora dedicou-se ao registo da memória da escritora Ondina Braga.»