Calhou poder estar na Biblioteca Pública de Braga. Ocorreu ter tido tempo para entrar e perguntar o que tinham da sua obra. Muito pouco. E, no entanto, paradoxo amargo, é a terra que a viu nascer, que deveria albegar, como se aninhados em maternal regaço, os seus livros, que nela são a sua vida.
Ironia, porém, a temperar o incómodo, trouxeram-me um opúsculo organizado por aquela mesma entidade, em 1988, onde vários escritores, entre os quais a Maria Ondina, falaram do seu amor às bibliotecas, àquela biblioteca, agora madrasta má para a sua obra, de que quase nada guardou para a leitura.
Voando já nas asas do desejo, copiei, apressado, a sua conferência, tirando nervosas notas numa improvisada folha de papel. Momentos depois, já na rua, eu próprio me impregnara daquele «odor erudito e vegetal». Entrei então no Café Viana, por entre as arcadas, ao encontro, eu também da remissão de um mundo de «histórias de penas, de paixões, de compungimento».