Há na escrita de Maria Ondina Braga uma literatura vivida, salgada pela dor, salpicada pela delicadeza. Os lugares, tudo o que os povoa e a Natureza que os circunda, estão ali presentes quase se diria obsessivamente. Maria Ondina conta a sua história como se contasse a história dos outros. Lembro-me quando, numa sua crónica sobre Macau, a que chamou O Enigma Chinês, ela reparou nas avós chinesas «quando caminha hesitantes, como sonâmbulas, levando pela mão os netos, a gente não sabe se são elas que guiam os meninos, se são os meninos a conduzirem-nas». É assim que ela nos conduz, quando lemos os seus livros.