Prémio Maria Ondina

Maria Araújo da Silva, com um trabalho assinado sob o pseudónimo de Maria Lucas, é a vencedora do “Prémio Maria Ondina Braga” promovido pelo Município de Braga para «honrar a memória» da escritora bracarense. “Maria Ondina Braga - A Viagem em Demanda de Identidade” obteve a apreciação unânime do júri convidado pelo Pelouro Municipal da Cultura.
O prémio visa premiar escritores naturais de Braga ou em Braga residentes.
No trabalho vencedor, a autora «analisa com sagacidade temas essenciais para a compreensão da obra de Maria Ondina Braga, tais como a demanda da identidade, a abertura ao exótico e ao diferente na perseguição da alteridade, o jogo da revelação-ocultação do universo feminino e da sua dignificação e o regresso à infância».O trabalho motiva «viva recomendação» dos membros do júri à sua edição, uma vez que «constituirá um notável enriquecimento da crítica ondiniana e contribuirá para a divulgação e conhecimento a nível nacional da ilustre escritora bracarense».
Vi a notícia aqui. Fiquei tão contente em ver nela citado este blog como quando o Supremo Tribunal de Justiça cita um livro meu. Fraquezas humanas, talvez.

A velha tradução

Vi esta notícia: com prefácio de Nicholas Shakespeare e usando a velha tradução de Maria Ondina Braga, a Casa das Letras reeditou um dos livros mais fascinantes da literatura inglesa, ‘O Cônsul Honorário’, de Graham Greene. Não se pode perder.
Lembrei-me de uma entrevista da Maria Ondina, creio que ao JL, em que ela se queixava amargamente das costas doridas depois de horas à máquina a trabalhar em traduções e na escrita e como era mal paga e como por vezes não lhe pagavam. A vida desta mulher e a sua pobreza são uma ofensa ao mercantilismo editorial, à exploração, à pouca vergonha. Dedicada às letras, viu-se na contingência de ter de suportar uma vida de modéstia. Não porque não tivesse público, mas apesar de o ter. Referiu na entrevista inesquecível que apenas de uma editora recebeu escrupulosamente. Notável!